A poluição no rio Almonda, já ultrapassou todos os limites e
violou todas as leis em vigor no país, acabando por se transformar numa derrota
para todos os grupos ambientais em Portugal, nomeadamente a Quercus.
Há mais de três décadas que se fazem descargas ilegais de
esgotos e resíduos industriais sem tratamento no rio Almonda.
No verão, o cheiro que tresanda nas margens do rio é horrível. E
mesmo sabendo que as águas estão contaminadas, existem muitas pessoas que não
têm outra alternativa se não utilizar as mesmas nas regas das suas plantações
agrícolas. Ou seja, para além de um crime ambiental que já tem `barba`, a
poluição do rio Almonda também poderá afetar a saúde das pessoas que vivem
perto das suas margens.
O ministro do ambiente
já prometeu identificar os provocadores e aplicar-lhes coimas. Mas até ao
momento, ainda ninguém foi punido por este crime ambiental. Ou seja, estamos
perante um crime ambiental que continua impune. O que não deixa de ser
vergonhoso. Sabe-se que foram investidos 10 milhões de euros na requalificação
das estações de tratamento de águas residuais no concelho de Torres Novas, mas
a verdade é que a poluição das primeiras chuvas de outono e as descargas
ilegais prosseguem.
O rio Almonda que nos
tempos dos nossos avós era considerado uma pérola ambiental do concelho foi
praticamente assassinado. A sua água cristalina ideal para banhos de verão e
lugar de pescarias, transformou-se num esgoto a céu aberto e um lugar
maquiavélico em termos ambientais. A cor da água é esverdeada (e nalguns casos
avermelhada escuro e oleosa), o cheiro é nauseabundo e olhando para o seu
leito, deparamo-nos apenas com uma lama escura.
A Câmara Municipal da Golegã esta a fazer um investimento de
um milhão de euros na margem ribeirinha da freguesia da Azinhaga.
O objetivo será
garantir um Almonda mais limpo e despoluído mas se não houver uma intervenção
por parte das autoridades competentes e no terreno, este dinheiro público
poderá ser desperdiçado.
O rio Almonda nasce na
serra D’aire, atravessa a fronteira dos concelhos de Torres Novas e da Golegã na zona do paul do Boquilobo, a primeira
reserva natural em Portugal que foi classificada pela UNESCO como um exemplo
ambiental único e uma reserva da biosfera, em 1981.
Mas, se a poluição do
rio Almonda continuar impune, é natural que esta reserva venha a ser afetada,
uma vez que a água que chega a esta área ecológica protegida é oleosa,
esverdeada e pestilenta.
Esta preocupação já chegou aos responsáveis da
Quercus. Há uns dias atrás, João Branco presidente desta organização
ecologista, reconheceu publicamente que “temos falta de meios para penalizar os
poluidores dos rios em Portugal”. Eis a realidade do ambiente do nosso país.
Tudo leva a crer que a
poluição dos rios em Portugal vai continuar. E se assim for,
isso provocará a diminuição da biodiversidade e afetará toda a cadeia
alimentar nacional.
Virgínia Roque
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