quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A poluição no rio Almonda



A poluição no rio Almonda, já ultrapassou todos os limites e violou todas as leis em vigor no país, acabando por se transformar numa derrota para todos os grupos ambientais em Portugal, nomeadamente a Quercus.
 Há mais de  três décadas que se fazem descargas ilegais de esgotos e resíduos industriais sem tratamento no rio Almonda.
No verão, o cheiro que  tresanda nas margens do rio é horrível. E mesmo sabendo que as águas estão contaminadas, existem muitas pessoas que não têm outra alternativa se não utilizar as mesmas nas regas das suas plantações agrícolas. Ou seja, para além de um crime ambiental que já tem `barba`, a poluição do rio Almonda também poderá afetar a saúde das pessoas que vivem perto das suas margens.
 O ministro do ambiente já prometeu identificar os provocadores e aplicar-lhes coimas. Mas até ao momento, ainda ninguém foi punido por este crime ambiental. Ou seja, estamos perante um crime ambiental que continua impune. O que não deixa de ser vergonhoso. Sabe-se que foram investidos 10 milhões de euros na requalificação das estações de tratamento de águas residuais no concelho de Torres Novas, mas a verdade é que a poluição das primeiras chuvas de outono e as descargas ilegais prosseguem.
 O rio Almonda que nos tempos dos nossos avós era considerado uma pérola ambiental do concelho foi praticamente assassinado. A sua água cristalina ideal para banhos de verão e lugar de pescarias, transformou-se num esgoto a céu aberto e um lugar maquiavélico em termos ambientais. A cor da água é esverdeada (e nalguns casos avermelhada escuro e oleosa), o cheiro é nauseabundo e olhando para o seu leito, deparamo-nos apenas com uma lama escura.
A Câmara Municipal da Golegã esta a fazer um investimento de um milhão de euros na margem ribeirinha da freguesia da Azinhaga.
 O objetivo será garantir um Almonda mais limpo e despoluído mas se não houver uma intervenção por parte das autoridades competentes e no terreno, este dinheiro público poderá ser desperdiçado.
 O rio Almonda nasce na serra D’aire, atravessa a fronteira dos concelhos de Torres Novas e da Golegã  na zona do paul do Boquilobo, a primeira reserva natural em Portugal que foi classificada pela UNESCO como um exemplo ambiental único e uma reserva da biosfera, em 1981.
  Mas, se a poluição do rio Almonda continuar impune, é natural que esta reserva venha a ser afetada, uma vez que a água que chega a esta área ecológica protegida é oleosa, esverdeada e pestilenta.
  Esta preocupação já chegou aos responsáveis da Quercus. Há uns dias atrás, João Branco presidente desta organização ecologista, reconheceu publicamente que “temos falta de meios para penalizar os poluidores dos rios em Portugal”. Eis a realidade do ambiente do nosso país.


 Tudo leva a crer que a poluição dos rios em Portugal vai continuar. E se assim  for,   isso provocará a diminuição da biodiversidade e afetará toda a cadeia alimentar nacional.


Virgínia Roque

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